Após auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) apontar que o Ministério da Defesa teria gasto dinheiro dos recursos para o enfrentamento da covid-19 em artigos de luxo, como bebidas alcoólicas, filé mignon e picanha, parlamentares deverão convocar o ministro Walter Braga Netto para prestar esclarecimentos à Câmara dos Deputados. As informações são da jornalista Mônica Bergamo.
Levantamento autorizado pelo ministro do TCU Walton Alencar Rodrigues, realizado pela Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog) e publicado pela Folha de SP, mostrou que a pasta comandada pelo general Walter Braga Netto gastou R$ 535 mil na compra de itens considerados de luxo, ou seja, itens não essenciais, supérfluos.
“Ressalte-se que, dos recursos destinados ao combate à pandemia Covid-19 utilizados indevidamente para aquisição de itens não essenciais (aproximadamente R$ 557 mil), 96% (os R$ 535 mil) foram despendidos pelo Ministério da Defesa”, declara o documento.
Walter Braga Netto deverá prestar esclarecimento referente a gastos com filé mignon e picanha
Braga Netto já havia sido convocado à explicar as compras dos artigos de luxo, em março deste ano. Na época, o Ministério da Defesa ainda não havia aplicado verbas públicas de enfrentamento à covid-19 na aquisição destes produtos não essenciais. Durante a CPI da covid, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) anulou a convocação de Braga Netto.

Em resposta à denúncia levantada pelo TCU, o Ministério da Defesa argumentou que a alimentação dos militares é obrigação do Estado e que o alto gasto da pasta é explicado pelo fato de as Forças Armadas terem mantido suas atividades durante a pandemia de covid-19.
“Foram empregados cerca de 34 mil militares em todo o território nacional em atividades como desinfecção de locais públicos; distribuição e aplicação de vacinas; campanhas de doação de sangue; entrega de kits de alimentação e de higiene; transporte de pacientes, oxigênio e de itens de saúde”, disse a pasta.