O avanço da vacinação no Brasil gerou expectativas positivas na população, especialmente nos 13,2% de desempregados que, com a recuperação da atividade econômica, sonham com uma recolocação. No entanto, essa retomada da economia pode ser, além de lenta, insustentável.
Essa melhora econômica é explicada pelo economista e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Rafael Bianchini. Segundo ele, a taxa de desemprego atingiu seu pico em março, com 14,7% da população sem uma ocupação formal e, a partir de então, levando em conta a sazonalidade do mercado de trabalho, tende a cair. Entretanto, uma vez que a atividade econômica aumenta, cresce também o número de desalentados e subocupados à procura de emprego, o que eleva o contingente de desocupados. Logo, a tendência é que a atual taxa de 13,2% caia de forma mais lenta.
Desigualdade, desordem institucional, risco de racionamento de energia e alta inflação são desafios para uma retomada econômica sustentável

O economista também se mostra cético em relação a uma retomada sustentável, apontando a desigualdade, a desordem institucional e um possível risco de racionamento de energia como os grandes vilões. Além disso, destaca a alta inflação como outro problema para a recuperação econômica – a taxa é a mais alta em 19 anos, com um índice de 1,25% em outubro, segundo medição do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e publicados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com esse resultado, a inflação acumula alta de 8,24% no ano e de 10,67% nos últimos 12 meses. “Achar que a gente vai crescer muito e vai diminuir essa taxa significativamente, não acho. E, ainda que o mercado espere que a inflação não vá ficar em 8%, ela vai cair para uns 5%, o que continua sendo alto, acima da meta do Banco Central”, esclarece Bianchini.