O Ministério Público Junto ao Tribunal Tribunal de Contas da União (TCU) pediu acesso a todos os documentos relacionados com o rompimento do ex-juiz Sergio Moro (Podemos) com a empresa de consultoria internacional, Alvarez & Marsal. A informação é da coluna da jornalista Mônica Bérgamo na Folha de SP.
Em ofício enviado ao ministro do TCU Bruno Dantas, o subprocurador-Geral Lucas Furtado especifica que quer informações sobre a data do encerramento do contrato do ex-juiz com a consultoria e os “valores envolvidos” – o quanto Moro recebeu de indenização da empresa ou algo equivalente.
A Alvarez & Marsal presta consultoria internacional e é administradora judicial do processo de recuperação do Grupo Odebrecht – construtora que Moro julgou e condenou quando atuava com processos da Operação Lava Jato na 13ª Vara de Curitiba.
Desde o começo do ano, quando abriu investigação do caso, o TCU apura a contratação de Moro na Alvarez & Marsal por suposto conflito de interesses.
Ao pedir explicações da empresa sobre a contratação no início de 2021, o ministro do TCU afirmou que Sergio Moro “naturalmente” contribuiu para que a Odebrecht tivesse dificuldades financeiras, já que foi responsável por condenações dos executivos da companhia.
Quando o ex-juiz passou a ser remunerado pela empresa encarregada do processo de recuperação judicial da construtora, surgiu a suspeita de conflito de interesses.
O ministro do TCU considerou que a contratação de Moro era “no mínimo peculiar e constrangedora”. Na época, ele questionou se o ex-juiz não foi contratado e recebia verbas da empresa por “informações privilegiadas” sobre processos contra a Odebrecht.
“Como se diz popularmente, o mesmo agente teria atuado nos ‘dois lados do balcão”, afirmou Dantas em despacho de fevereiro.
O ministro do TCU afirmou ainda no início do ano que a atuação do ex-juiz pode ter reflexos no ressarcimento ao erário de valores devidos pela Odebrecht.
Moro saiu da Alvarez & Marsal no final de outubro no intuito de se filiar ao Podemos e disputar cargo eleitoral em 2022 pelo Podemos – partido pelo qual se filiou em novembro.
Procurada pela Folha, a assessoria de Sergio Moro não respondeu questionamentos.