Colunista do UOL e correspondente da TV Democracia na Europa, o jornalista Jamil Chade esteve em uma delegacia de polícia italiana na noite de domingo (31) para denunciar formalmente as agressões que seguranças e policiais italianos e brasileiros cometeram contra jornalistas, durante passeio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em Roma.
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“Denúncia feita agora em Roma, pela agressão que sofremos em plena cobertura presidencial. Em 21 anos como correspondente, foram 70 países e vários presidentes. Mas violência em cúpula foi a 1ª vez. Silêncio revelador por parte do Itamaraty e Presidência. Não vencerão. Nunca”, escreveu o jornalista em seu perfil de Twitter.
Denúncia feita agora em Roma, pela agressão que sofremos em plena cobertura presidencial.
Em 21 anos como correspondente, foram 70 países e vários presidentes. Mas violência em cúpula foi a 1a vez.
Silêncio revelador por parte do Itamaraty e Presidência
Não vencerão. Nunca. pic.twitter.com/CYUD6BT9oj
— Jamil Chade (@JamilChade) November 1, 2021
As agressões ocorreram após o final da cúpula do G-20. Enquanto outros presidentes davam entrevistas coletivas, Jair Bolsonaro saiu para encontrar apoiadores no centro de Roma.
O presidente tratou jornalistas de forma hostil. Na sequência, seguranças que estavam no local agrediram profissionais credenciados que tentavam fazer perguntas ao presidente do Brasil.
O jornalista da TV Globo, Leonardo Monteiro, recebeu um soco e foi empurrado violentamente por um segurança. Uma repórter da Folha de SP também foi empurrado por apoiadores do presidente. Jamil Chade tentou registrar a cena das agressões e teve o celular levado por um policial italiano, que o jogou no chão após tomar distância do jornalista.
Nenhum dos agressores explicou se os agentes trabalhavam para a embaixada, Estado italiano ou se eram privados. Membros da assessoria de imprensa do governo brasileiro acompanharam a caminhada e em nenhum momento tentaram ajudar os jornalistas.
Violência da polícia italiana e brasileira contra os jornalistas que acompanham Bolsonaro pelas ruas de Roma. Equipes agredidas, meu celular levado por um dos policiais e muita confusão. pic.twitter.com/edYo7Xb1WV
— Jamil Chade (@JamilChade) October 31, 2021
Bolsonaro e apoiadores também foram verbalmente hostis com jornalistas em meio às agressões.
Pouco antes de ser agredido, o repórter da TV Globo Leonardo Monteiro tentou questionar Bolsonaro sobre sua ausência no encontro do G-20 pela manhã.
“É a Globo? Você não tem vergonha na cara…”, afirmou Bolsonaro, sem responder a pergunta.
O presidente também não quis responder questionamento de Jamil Chade sobre sua ausência na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021 (COP26).
“Não te devo satisfações, rapaz”, respondeu Bolsonaro
Eu: presidente, por qual motivo o sr não vai para a COP26? (Onde o futuro do planeta se decide e com mais de cem chefes de estado)
Bolsonaro: não te devo satisfação, rapaz. pic.twitter.com/OrysN4Lwop
— Jamil Chade (@JamilChade) November 1, 2021
Até cidadãos de outros países foram hostilizados por bolsonaristas ao fazer críticas em público contra o presidente.
Jamil Chade gravou uma estrangeira que foi intimidada após chamar Bolsonaro de “homofóbico”.
Antes de hostilizar a mulher, a bolsonarista estava “fervorosamente rezando” ao lado de Bolsonaro, relata o jornalista.
Apoiadores de Bolsonaro intimidam quem critica o presidente pelas ruas de Roma.
Está senhora que responde a uma estrangeira, acusando ela de ser “homofóbico”, estava instantes antes fervorosamente rezando ao lado de Bolsonaro. pic.twitter.com/Pdk3KNjTHT
— Jamil Chade (@JamilChade) November 1, 2021