Em nota lida no Fantástico deste domingo (12) pelas jornalistas Maria Júlia Coutinho e Poliana Abritta, a Rede Globo repudia agressões a equipes da TV Bahia e da TV Aratu – afiliadas da Globo e do SBT na Bahia – e cobra que a Presidência da República seja responsabilizada na Justiça por “omissão” ou por “atentar contra a liberdade de imprensa e fomentar a violência contra jornalistas”.
O repórter da TV Aratu Chico Lopes foi agredido com um tapa por um segurança do presidente A jornalista da TV Bahia, Camila Marinho, foi segurada pelo pescoço por um segurança, em uma espécie de mata-leão que o homem aplicou com a parte interna do braço. Eles cobriam a descida de helicóptero do presidente Jair Bolsonaro (PL) em Itamajaru (BA).
Equipe do Grupo Aratu é agredida por segurança e apoiadores de Bolsonaro durante agenda em Itamaraju; presidente pede desculpas pic.twitter.com/b57sDXZ2Oe
— Aratu On (de 🏠) (@aratuonline) December 12, 2021
Na nota, a Rede Globo cobra que o procurador-geral da República, Augusto Aras, se posicione sobre a ação da Rede Sustentabilidade no Supremo Tribunal Federal (STF) que pede que o presidente “seja impedido de realizar ou de incentivar a realização de ataques verbais ou físicos à imprensa e aos seus profissionais, sob pena de responsabilização pessoal, mediante o pagamento de multa pessoal” de R$ 100 mil por ataque.
“A TV Globo afirma que as agressões deste domingo mostram que já passou da hora de a Procuradoria-Geral da República dar o seu parecer na ação que corre no Supremo, tendo como relator o ministro Dias Toffoli. A imprensa cumpre um direito inscrito na Constituição e deve ter a sua segurança garantida”, inicia o comunicado.
Na sequência, a Rede Globo aponta que Bolsonaro deve ser responsabilizado por omissão, caso os seguranças tenham agredido jornalistas por conta própria.
“As cenas bárbaras deste domingo e aquelas ocorridas na Itália, no dia 31 de outubro, ensejam duas constatações. Se os seguranças agem por contra própria, a Presidência deve ser responsabilizada por omissão”, afirma a emissora.
Caso se constate que seguranças agiram por “ordem” de Jair Bolsonaro, a Globo defende que o presidente seja pessoalmente responsabilizado “por atentar contra a liberdade de imprensa e fomentar a violência contra jornalistas”.
“Se agem seguindo ordens superiores, a Presidência deve ser responsabilizada por atentar contra a liberdade de imprensa e fomentar a violência contra jornalistas. Além disso, é escandalosa a atitude da Presidência de deixar jornalistas à própria sorte, em meio a apoiadores fanáticos, que são insuflados quase diariamente pelo próprio presidente em sua retórica contra o trabalho da imprensa”.
A nota por fim repudia as agressões sofridas pelos profissionais.
“Frente aos evidentes e graves riscos enfrentados por repórteres de todos os veículos, é urgente que o Judiciário se pronuncie. A Globo repudia as agressões aos repórteres Camila Marinho e Cleriston Santana, da TV Bahia, e aos repórteres Xico Lopes e Dário Cerqueira, da TV Aratu, e se solidariza com eles”, finaliza a Globo.
Nota na íntegra
As agressões deste domingo mostram que já passou da hora de a Procuradoria-Geral da República dar o seu parecer na ação que corre no Supremo, tendo como relator o Ministro Dias Toffoli. A imprensa cumpre um direito inscrito na Constituição e deve ter a sua segurança garantida.
As cenas bárbaras deste domingo e aquelas ocorridas na Itália, no dia 31 de outubro, ensejam duas constatações. Se os seguranças agem por contra própria, a Presidência deve ser responsabilizada por omissão.
Se agem seguindo ordens superiores, a Presidência deve ser responsabilizada por atentar contra a liberdade de imprensa e fomentar a violência contra jornalistas. Além disso, é escandalosa a atitude da Presidência de deixar jornalistas à própria sorte, em meio a apoiadores fanáticos, que são insuflados quase diariamente pelo próprio presidente em sua retórica contra o trabalho da imprensa.
Frente aos evidentes e graves riscos enfrentados por repórteres de todos os veículos, é urgente que o Judiciário se pronuncie. A Globo repudia as agressões aos repórteres Camila Marinho e Clériston Santana, da TV Bahia, e aos repórteres Xico Lopes e Dário Cerqueira, da TV Aratu, e se solidariza com eles.