Apenas um dia após conceder a si próprio e a outros membros do governo medalhas da Ordem Nacional do Mérito Científico, o presidente Jair Bolsonaro voltou atrás na nomeação de dois pesquisadores: Adele Schwartz Benzaken e Marcus Vinícius Lacerda que, coincidentemente ou não, são críticos do atual governo. O decreto foi publicado no Diário Oficial da União em seção extra.
Jair Bolsonaro volta atrás na condecoração ao Mérito Científico de dois pesquisadores
A Ordem Nacional do Mérito Científico é uma ordem honorífica concedida pelo poder público a personalidades brasileiras e estrangeiras, como forma de reconhecimento das suas contribuições científicas e técnicas para o desenvolvimento da ciência no Brasil. Como presidente da República, Bolsonaro obteve o título de grão-mestre – o mais alto grau em ordens honoríficas.

Infectologista e pesquisador da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Amazonas, Marcus Vinícius Lacerda foi o responsável por liderar a pesquisa sobre o uso da cloroquina no tratamento contra a covid-19. O médico suspendeu o estudo após concluir que o medicamento era ineficaz contra o vírus e poderia aumentar as chances de problemas cardíacos nos pacientes.
Indo na direção contrária à de Bolsonaro, que defendeu o uso da cloroquina no combate à covid-19, afirmando, inclusive, ter feito uso da medicação – embora estudos científicos já tenham comprovado sua ineficácia no tratamento contra a doença – Lacerda sofreu ataques de apoiadores do presidente na internet.
Já Adele Schwartz Benzaken Benzaken é atualmente diretora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Amazonas e atua internacionalmente na área das doenças transmissíveis. Entre junho de 2016 e janeiro de 2019, foi Diretora do departamento de IST/HIV-Aids e Hepatites Virais da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde. Sob sua direção, foi produzida uma cartilha direcionada a homens trans, que se tornou alvo de ataques em redes bolsonaristas, até ser retirada de circulação pelo pelo ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta.