O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, Luis Roberto Barroso e Alexandre de Moraes querem torná-lo inelegível “na base da canetada” para beneficiar a candidatura do ex-presidente Lula, seu adversário nas eleições de 2022.
As declarações do presidente foram dadas em entrevista à Rádio Jovem Pan, durante viagem à Rússia.
“Lamentavelmente, essas três pessoas (Barroso, Fachin e Moraes) não colaboram com o Brasil em absolutamente nada. Querem apenas uma narrativa para desgastar o governo. São pessoas que se comportam como adolescentes, têm um objetivo”, declarou Bolsonaro. “Agora, o que fica da ação desses três ministros do STF, me parece que eles têm um interesse, né? Primeiro, buscar uma maneira de me tornar inelegível, na base da canetada. A outra, é eleger o seu candidato, que é o Lula”
PREOCUPANTE! Bolsonaro afirma que os Ministros Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Barroso querem na canetada o tornar inelegível para que o Lula vença. Bolsonaro também fez duras críticas a tentativa dos Ministros de banirem o Telegram do Brasil pic.twitter.com/6S7HxVpLib
— Vinicius Carrion (@viniciuscfp82) February 16, 2022
O presidente completou dizendo que “jamais faria o que ele (Fachin) fez, dando início à anulação do julgamento do sr. Lula”.
A fala faz referência à decisão do ministro do STF, tomada em março de 2021, que declarou a incompetência da Justiça Federal do Paraná para julgar de Luiz Inácio Lula da Silva e anulou as condenações do ex-presidente, relacionadas às investigações da Operação Lava Jato.
Com a decisão, o ex-presidente Lula recuperou direitos políticos e voltou a poder disputar eleições, após ter tido a candidatura indeferida na Justiça Eleitoral em 2018, quando também era líder das pesquisas.
“Querem entregar a faixa ao ex-presidiário Lula”, reforçou Bolsonaro.
Bolsonaro fez mais críticas ao petista apontando que ele “se comporta agora como se fosse um virgem na política”.
O presidente também falou sobre a quebra de sigilo de seu ajudante de ordens Mauro César Cid, no inquérito do STF, que investiga a atuação de milícias digitais.
O presidente declarou que Alexandre de Moraes não encontrou “nada que possa comprometer o seu mandato”.
Bolsonaro rebateu falas de Fachin
Em outro momento da entrevista, Bolsonaro respondeu o ministro do STF, Edson Fachin, que horas antes citou a Rússia como origem da maior parte dos ataques hackers contra a Justiça Eleitoral brasileira.
O presidente classificou a fala como constrangedora por estar de viagem no país.
“Não estou na Rússia para programar ataque hacker a computadores do TSE”, disse o chefe do Executivo, ao pontuar também que o ministro produziu fake news ao criticar o país russo. Crítico do processo eleitoral, do qual questiona a segurança e lisura, o presidente tem eleito os três ministros como alvos preferenciais, já que eles também integram o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Fachin assumirá a presidência da Corte em 22 de fevereiro.
“O próprio Fachin acaba de comprovar no meu entender que ele não tem confiança no sistema eleitoral, eu não sei o que está passando na cabeça deles. Se o sistema eleitoral é inviolável, por que essa preocupação? Acabaram de comprovar que existe pode ser violável”, afirmou Bolsonaro durante a entrevista.