Desde 2018, ano em que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) venceu a eleição presidencial, os inquéritos da Polícia Federal abertos para apurar denúncias de apologia ao nazismo no país cresceram 450%, segundo dados de Secretarias Estaduais de Segurança Pública, obtidos pela CNN Brasil via Lei de Acesso à Informação (LAI).
Estas informações ainda não incluem o ano corrente de 2021. Os únicos estados que não registraram denúncias deste crime foram Tocantins, Roraima e Mato Grosso do Sul – veja abaixo mais informações sobre os estados e o ano atual.
Em 2018, a PF abriu 20 inquéritos para apurar denúncias deste tipo. O número saltou para 110 casos em 2020 – mais de cinco vezes a quantidade de 2018, em um aumento de 450%.
O professor de História na Universidade Federal Fluminense e diretor acadêmico do Instituto Brasil-Israel, Michel Gherman, comentou os números em seu perfil de Twitter.
“Não é coincidência que no governo de Bolsonaro os nazistas tenham saído do armário”, declarou, compartilhando o gráfico sobre disparada no aumento de casos de apologia ao nazismo.
Na semana passada, também no Twitter, Gherman afirmou que o presidente utiliza símbolos, práticas e discursos próximos ao que nazistas utilizavam na Alemanha.
“Há um consenso na midia internacional, nacional e entre pesquisadores: a de que Bolsonaro age influenciado por perxpectivas ideológicas próximas ao nazismo. Símbolos, práticas, discursos mostram isso. Há mais: estamos diante da possibilidade de Bolsonaro ser acusado de genocida”, afirmou o professor.
Não é coincidência que no governo de Bolsonaro os nazistas tenham saído do armário pic.twitter.com/fo7AMuTeUJ
— Michel Gherman (@michel_gherman) October 25, 2021
Gherman também debate os vínculos do bolsonarismo com o nazismo em seu canal de Youtube.
Apologia ao nazismo por estado e no ano de 2021
De acordo com os dados obtidos pela CNN, o Paraná concentra 30% das ocorrências policiais entre 2011 e 2020. Depois, aparece Minas Gerais, com oito crimes de apologia ao nazismo registrados.
São Paulo foi palco de 6 casos do tipo, assim como Santa Catarina – estado que disponibilizou apenas dados de 2019 a setembro de 2021.
Como o ano de 2021 ainda não terminou, os dados são preliminares. Mas já apontam crescimento
Dados parciais atualizados na última quinta-feira (21) apontam que ocorreram ao menos 51 novos casos de apologia ao nazismo no país, em 2021.
O número parcial é menor que os 69 registros de 2019 e os 110 de 2020. Mas ainda corresponde a mais de o dobro de casos do que houve em 2018.
Flertes de Bolsonaro com o nazismo
Jair Bolsonaro e seus aliados já foram acusados diversas vezes de fortalecer ideias nazistas e neonazistas no Governo Federal.
Em julho, o presidente se encontrou com a deputada extremista da Alemanha, Beatrix von Storch, membra do Alternativa Para a Alemanha (AfD), partido que é investigado pelo serviço de Inteligência alemão por propagar ideias neonazistas e xenofóbicas.
Beatrix von Storch é neta de um autêntico ministro nazista de Adolf Hitler.
Criticado pelo encontro, Bolsonaro sugeriu que não analisou a “ficha” da deputada.
“Semana passada, tinha um deputado chileno e a alemã visitando a Presidência. Poxa, tratei, conversei, bati um papo. Saiu que a deputada alemã é neta do ex-ministro do Hitler. Me arrebentaram na imprensa. Eu acho que a gente não pode ligar um pai a um filho. Muitas vezes, um fez uma coisa errada e não se pode ligar a outro”, rebateu. “Eu não posso receber essa deputada? Foi eleita democraticamente na Alemanha. Se eu for ver a ficha de cada um para ser atendido, vai demorar horas para atender”.