Após duas vereadoras do partido Novo em São Paulo registrarem boletins de ocorrência em que se acusam mutuamente de agressões físicas no banheiro da Câmara Municipal nesta quarta-feira (10), lideranças da casa afirmam que o caso não deve passar impune.
Conversando em anonimato com a coluna Painel da Folha de SP, lideranças da Câmara falam em possível “cartão vermelho” para Janaína Lima. A pressão recai sobre a parlamentar de 37 anos pelo fato dela ter ferido uma pessoa com 60 anos e fisicamente mais frágil.
A discussão que acabou em agressões físicas ocorreu supostamente por divergências das duas sobre o tempo de fala nas sessões que aprovaram a reforma da previdência de São Paulo. Janaína discursou por meia hora, enquanto Cris Monteiro teve 15 minutos.
Imagens mopstram Cris Monteiro irritada e colocando Janaína Lima contra a parede. A tensão continuou até o banheiro da Câmara, onde ocorreram as agressões.
Após o ocorrido, Janaína discursou no plenário, enquanto Cris demonstrava abalo físico e emocional. Ela foi socorrida por colegas e perguntava quais providências poderia tomar.
A versão de Janaína – de que teria agido em legítima defesa – não foi bem recebida por colegas na Câmara Municipal. Vereadores de diferentes espectros políticos manifestaram solidariedade à Cris Monteiro e se colocaram à disposição de ajudar em medidas cabíveis.
A Mesa Diretora da Câmara foi procurada para tomar providências e a Procuradoria da Câmara apura o ocorrido.
A Corregedoria da casa também deve ser acionada para tratr de possíveis sanções.
“Fui agarrada, jogada no chão e segurada pelo pescoço. Tive minha peruca arrancada e pisoteada (Cris tem alopecia) Quando caí no chão do banheiro da Câmara o barulho foi tão ensurdecedor que a GCM [Guarda Civil Metropolitana] teve que arrombar a porta e me resgatar aos prantos do chão!”, escreveu Cris Monteiro nas redes sociais.
Ontem, fui agredida por minha colega de bancada durante a votação da reforma da previdência.
— Cris Monteiro (@crismonteirosp) November 11, 2021
Fui agarrada, jogada no chão e segurada pelo pescoço. Tive minha peruca arrancada e pisoteada.
Segue [+} pic.twitter.com/uNuIKT9DK6
Ja Janaína Lima afirma que agiu em legítima defesa.
“Fui segurada pelo braço, empurrada na parede, tive um dedo apontado na minha cara, coagida e seguida de perto por uma pessoa visivelmente fora de controle”, afirmou a parlamentar.
Em outro tuíte em que responde Cris Monteiro, Janaína Lima acusa a colega de partido de iniciar as agressões e persegui-la até o banheiro.
“O vídeo deixa claro: Sou posta contra a parede, puxada e perseguida. Você me perseguiu até o banheiro e continuou a me agredir. A sua peruca caiu por conta de suas próprias agressões e foi pisoteada por você mesma. Suas mentiras serão todas reveladas”, afirmou Janaína Lima em resposta aos tuítes de Ccris Monteiro.
Fui segurada pelo braço, empurrada na parede, tive um dedo apontado na minha cara, coagida e seguida de perto por uma pessoa visivelmente fora de controle.
— Janaína Lima (@janainalimasp) November 11, 2021
AGI EM LEGÍTIMA DEFESA desde o início. pic.twitter.com/CmvQlSQy82
Janaína Lima também compartilhou fotos de hematomas.
Aqui estão todos os hematomas que você me causou. Diferente do seu arranhão, eles são verdadeiros.
— Janaína Lima (@janainalimasp) November 11, 2021
Você usa o discurso de união entre mulheres, mas levantou a mão para uma mulher, colega de partido, por causa de ego. pic.twitter.com/mcWcYl8RKe
Partido Novo suspendeu ambas as vereadoras
Em reação ao episódio, o partido Novo suspendeu nesta quinta-feira (11) tanto Janaína Lima quanto Cris Monteiro.
Por meio de sua Comissão de Ètica Partidária, a direção nacional do partido informou em nota que a suspensão da filiação das vereadoras vai durar pelo menos até o final das apurações sobre o ocorrido.
“O partido não corrobora com nenhum ato de violência. Outras providências poderão ser adotadas após o esclarecimento dos fatos, dentro das instâncias partidárias adequadas”, informou o Novo nesta tarde.
A decisão atende um pedido do diretório municipal do partido, que diz estar alinhado com o posicionamento do diretório estadual.